Venho por meio desta, registrar as obras de minha preferência nas categorias que se seguem: livros, filmes e séries.
O plano é ranquear as maiores influências ficcionais ou não ficcionais de tempos em tempos, a fim de verificar se alguma produção escrita ou audiovisual alterou a ordem ou substituiu alguma das obras citadas.
Sem mais delongas, passo aos cinco mais, deixando o espaço de comentários aberto para palpites, discordâncias, concordâncias e críticas.
Livros:
- Cem anos de Solidão (Cien Años de Soledad) – Gabriel García Marquez
Realismo mágico é meu estilo literário favorito e o autor colombiano Gabriel García Marquez, ganhador do prêmio Nobel de literatura em 1982, é o maior expoente desse gênero.
Essa é a história de várias gerações da família Buendia. A cidade que é palco para a trama é a imaginária Macondo, inspirada em Barranquilla na Colômbia. Os personagens são todos possíveis, mas com toques de fantasia. A única personagem que perdura toda a história testemunhando tudo o que acontece em Macondo e com a família Buendia desde o início até o fim de tudo é a matriarca Úrsula Iguarán.
- O Som e a Fúria (The Sound and the Fury) – William Faulkner
Li esse ano e já entrou para o pódio. A história em si é simples, nada mais que a decadência de uma família tradicional do sul agrário dos Estados Unidos.
A genialidade está justamente na escrita. Que escrita! Um dos meus estilos favoritos de narrativa é o fluxo de consciência. Acompanhar a trama pelo olhar do personagem à medida que ele processa as informações, com a linguagem do pensamento: caótica, difusa, temporalmente complexa.
Faulkner também foi laureado com o Nobel de Literatura em 1949.
- Vidas Secas – Graciliano Ramos
Considerado por muitos a obra mais expressiva de Graciliano Ramos, esse é um dos livros que gostei desde a primeira lida, ainda na adolescência. A linguagem, descrição do cenário, os personagens, toda a construção é tão bem feita e ao mesmo tempo simples, daquela simplicidade milimetricamente calculada para relatar uma realidade complexa.
Quem não chorou com o capítulo sobre a morte da Baleia, não tem coração.
- A Formação das Almas: O imaginário da república no Brasil – José Murilo de Carvalho
Do historiador José Murilo de Carvalho, essa obra reconstitui o processo de escolha dos símbolos e demais componentes necessários para a nascente república brasileira passar a habitar corações e mentes dos brasileiros, selando o fim do regime monarquista. Esses elementos seriam a bandeira, hino, herói nacional, entre outros. Pela leitura de A Formação das Almas o leitor percebe o que foi escolha popular, o que foi herdado do império, como e quem compôs o imaginário, o soft power, para a aceitação do novo regime.
- Mitos e Mitologias Políticas – Raoul Girardet
Segundo o historiador francês Raoul Girardet, existem quatro eixos de narrativas políticas dos quais partem toda mitologia que direciona eleições, depõe governos, justifica ditaduras, identifica agremiações políticas. Seriam esses os eixos: a Conspiração, o Salvador, a Idade de Ouro e a Unidade.
Por exemplo, no capítulo imperdível sobre a conspiração ele usa historietas fictícias das conspirações judaica, maçônica e católica e seus planos e estratégias de dominação mundial, para ilustrar como seriam os usos políticos advindos desses mitos.
Filmes:
- Festa de Família (Festen)
Foi o primeiro filme feito seguindo as regras do movimento Dogma 95, fundado pelos cineastas dinamarqueses Lars Von Trier e Thomas Vintenberg. Esse movimento se propunha a fazer os filmes seguindo as chamadas 10 regras de castidade, que basicamente seriam produzir cinema com o menor número de recursos tecnológicos possível (luz natural ou a luz do próprio local onde estaria sendo rodado o filme, cenários simples, apenas os sons do próprio local, nada poderia ser adicionado depois, por exemplo.)
Festa de Família do diretor Thomas Vintenberg, se passa na festa de aniversário de 60 anos do pai. Todos os membros da família se reúnem em uma fazenda. Então o primogênito, auxiliado por empregados da fazenda, fecha todas as saídas e sequestra as chaves dos carros, mantendo todos os presentes dentro da casa para ouvir e lidar com a verdade bombástica revelada em seu discurso em homenagem ao pai.
E é isso: um filme entre a comédia e o drama, sem pirotecnia, que destruirá sua semana apenas com os diálogos e um roteiro muito competente.
- O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amelie Poulain)
Uma mulher francesa, mora sozinha, encontra prazeres em pequenas coisas criando para si um microcosmo, um ponto de vista fantástico a partir do qual vê o mundo e interage com ele.
Amelie, que observa silenciosamente o comportamento das pessoas que a cercam decide em um dado momento fazer intervenções nas vidas de vizinhos, colegas de trabalho, de seu pai e na dela própria no intuito de melhorar suas existências.
Esse filme dirigido por Jean-Pierre Jeunet, que deu fama internacional a Audrey Tautou, ganhou 19 prêmios em festivais de cinema.
A trilha sonora é maravilhosa e foi quase inteiramente composta por um dos meus compositores favoritos: Yann Tiersen.
- Pulp Fiction: tempo de violência
Filme que consagrou Quentin Tarantino como um dos melhores roteiristas de diretores do mundo, Pulp Fiction conquistou o Oscar de melhor roteiro original e mais 6 indicações além de 27 outros prêmios em outros festivais.
A fotografia, trilha sonora, figurino e todos os aspectos técnicos do filme são sensacionais, mas o grande mérito está mesmo no roteiro bastante inovador com destaque para os diálogos. São quatro histórias de personagens do submundo norte americano, distribuídas em cenas curtas e embaralhadas, que vão se ligando e se conectando.
- Cidade de Deus
É o melhor filme brasileiro de todos os tempos, sem sombra de dúvida. Dirigido por Fernando Meireles e Kátia Lund, Cidade de Deus conta a formação da favela carioca de mesmo nome do filme, narrada pelo morador conhecido como Buscapé, que cresce em um ambiente violento entre os personagens que serão líderes do tráfico de drogas naquela comunidade.
Esse filme recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo melhor filme estrangeiro e foi vencedor do: BAFTA de melhor montagem; Melhor filme estrangeiro do British Independent Award e Melhor filme estrangeiro no Satellite Award.
- Quero ser John Malkovich (Being John Malkovich)
Um homem, cujo sonho é ser titereiro, consegue um emprego de arquivista no andar sete e meio de um prédio comercial. Nesse andar ele descobre uma porta, que dá acesso de 15 minutos à mente do famoso ator John Malkovich, que interpreta a si próprio no filme. Passados os quinze minutos os hospedeiros são “cuspidos” em uma estrada de Nova Jersey.
Esse homem medíocre e frustrado passa a alugar a mente de John Malkovich para outras pessoas.
Esse filme foi vencedor de 15 prêmios em diversos festivais, entre eles o BAFTA de melhor roteiro original.
Séries
- Gilmore Girls
Na cidade imaginária de Stars Hollow, vivem personagens excêntricos e divertidos. Entre eles Lorelay Gilmore, de 32 anos, e sua filha Rory Gilmore, de 16 anos. Ou seja, a série começa quando Rory tem a idade que Lorelay tinha quando engravidou. As duas tem uma relação muito próxima mais de amizade do que de mãe e filha.
A filha que é muito responsável e inteligente e que tem o sonho de fazer universidade em Harvard, é admitida em uma escola de ensino médio de onde saem anualmente vários estudantes para a renomada instituição de ensino superior. Acontece que, embora Lorelay tenha saído da casa dos pais aos 16 anos, seja uma mulher independente, que leva uma vida modesta, ela é filha de pais ricos. Logo a bolsa de estudos para a escola Chilton é negada a Rory. Nesse contexto, Lorelay recorre aos pais abastados para conseguir um empréstimo e custear a educação particular para a filha.
Essa série é cheia de referências a filmes, livros, músicas e tem diálogos rápidos e inteligentes. Já assisti 3 vezes. Virou minha série dos dias de insônia.
- À sete palmos
Uma família tem uma funerária como negócio e, como toda família, tem seus traumas e segredos, que vão sendo desvelados à medida que vão realizando os velórios dos clientes. A cada episódio ocorre um funeral e paralelamente facetas da vida dos personagens da família Fisher vão se desenvolvendo.
É o melhor final de série que já vi. Sensacional!
- Normal People
Série de apenas seis episódios, baseada no livro homônimo de Sally Rooney, conta a história de um casal que se conhece ainda no ensino médio e suas idas e vindas até a formatura da graduação, ponto em que cada um segue um rumo diferente.
Aparentemente simples, essa história é impecável, a fotografia, os personagens, o cenário a trilha sonora, tudo é muito muito bom!
- Sex Education
Um filho de uma sexóloga, cheio de neuras e bloqueios em relação à própria sexualidade, usa os conhecimentos que adquiriu ouvindo a mãe tratar seus pacientes para aconselhar colegas de escola cobrando por esse serviço.
Hilária e necessária essa série discute temas ligados à sexualidade de forma leve e inteligente. Sem falar da trilha sonora e das locações, que são excepcionais.
- Pushing Daisies
Ned tem um dom: trazer de volta a vida qualquer coisa morta que toque. Em contrapartida, o ressuscitado não pode ser tocado por Ned outra vez.
Ele decide não usar o dom, vive sozinho e sua função é a confeitaria. Até que um dia, ele faz reviver Charlotte (Chuck), uma mulher por quem era apaixonado e havia sido assassinada.
Chuck e Ned passam a usar o dom dele para desvendar crimes e assim receber recompensas por esse serviço. Outro objetivo desse casal, que não pode se tocar, é descobrir quem matou Charlotte.
É uma comédia um tanto macabra, linda demais, que infelizmente foi cancelada na segunda temporada.
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